O referido é verdade e dou fé. Sim. 'Los niños de hoy' não são mais como nós fomos ou como foram as crianças do arco da velha, não que fomos tapados quando crianças, mas que hoje elas são mais espertas são. Já falam de coisas incríveis, absurdas e adultas, aprendem com mais facilidade, deixam de ser ingênuas muito mais cedo do que antigamente.
Um belo dia estava eu 'plantado' na porta da loja em que trabalho fazendo meu serviço, e como de costume, sempre aparecem aqueles clientes sem noção nenhuma, sem respeito, aquelas pessoas 'porcas' que jogam lixo no chão. Que pegam panfletos no calçadão e para não entrarem na loja com papeis acabam jogando no chão antes de entrar na loja. Quando isso acontece, faço questão de olhar pro lixo que foi jogado no chão e encarar o ser mal civilizado pra ver se ele se toca. Não costuma adiantar,mas faço isso sempre! Enfim, estava na porta da loja fazendo o meu serviço e entrou uma mulher e uma criança. A criança vinha segurando algo nas mãos, não notei o que era, e a mãe tranquila olhava os produtos, quando a criança se irritou com o objeto e disse: "Não quero mais, posso jogar fora?" A mãe assentiu com a cabeça, e foi a criança correndo para a porta e lançou o objeto pra fora da loja, no calçadão, no chão que a tiazinha da prefeitura limpa todo dia. Imaginei que ela fosse jogar no lixo que fica lá fora, mas não, ela jogou no chão. Mas dessa vez fiz ao contrario pra aumentar o suspense sobre o que era o objeto lançado. Olhei bem nos olhos da criança, com uma expressão nada agradável e logo em seguida olhei pro objeto no chão e não acreditei no que meus olhos viam. Parei, respirei, pensei, olhei de novo pra criança, pensei mais um pouco e falei comigo mesmo: "Como assim, não é possível, não estou acreditando no que estou vendo!"
Uma caixinha de tic-tac, uma caixinha de tic-tac jogada, uma caixinha de tic-tac desprezada, lançada ao vento, sem amor nenhum.
Fiquei indignado! Na minha época eu brigava por uma caixinha de tic-tac, eu brincava com ela até ela rachar, e quando ela rachava eu passava 'durex' pra dar mais um tempo antes de ir pro lixo. Eu fazia a caixinha de copinho, bebia agua nela, plantava feijão com algodão, prendia formiguinhas dentro. Ia no supermercado com minha mãe e sempre pegava uma caixinha no caixa, enfiava tudo na boca, só pra ter uma caixinha pra brincar. Parei de brincar, comecei a colecionar, juntei um monte de caixinha até os meus treze anos, minha gaveta de tranqueiras era lotada de caixinha de tic-tac, e me vem uma criança qualquer e joga fora uma caixinha de tic-tac, assim, sem mais nem menos. As crianças de hoje não são mais como as crianças do nosso tempo ou do tempo do arco da velha!